Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida. João 5:24





terça-feira, 27 de dezembro de 2011

ESTÁ CONSUMADO


  
 
[Passou o Natal e a virada do ano se aproxima. Já pensou nas coisas
que não terminou este ano? Trabalhos inacabados, compromissos e votos
não cumpridos. Max Lucado reflete sobre a necessidade de não
desistir. Compartilhe! Só Deus sabe quanta diferença uma palavra
encorajadora pode fazer nestes dias.]
 
"Está consumado!" - João 19:30
 
Há vários anos atrás, Paul Simon e Art Garfunkel nos encantaram com
uma canção de um menino pobre que foi para Nova Iorque em sonho e
caiu vítima da vida cruel da cidade. Sem dinheiro, tendo apenas
estranhos como amigos, ele passava os dias "escondido, procurando os
lugares mais pobres onde os mendigos vão, buscando pontos que só eles
conhecem ".[1]
 
É fácil imaginar esse jovenzinho de rosto sujo e roupas velhas,
procurando trabalho e não encontrando. Ele se arrasta pelas calçadas,
lutando contra o frio e sonhando em ir para algum lugar "onde os
invernos da cidade de Nova Iorque não me façam sangrar, levando-me
para casa".
 
O garoto pensa em desistir. Em voltar para sua cidade. Desistir —
algo que nunca pensou que pudesse fazer.
 
Mas no momento em que pega a toalha para atirá-la ao ringue, encontra
um boxeador. Lembra-se destas palavras?
 
No espaço vazio se acha um lutador profissional levando com ele cada
golpe que que o cortou até que gritasse de ira e vergonha – "Vou
embora, vou embora!" mas o lutador permanece mesmo assim.[2]
 
"O lutador permanece." Existe algo magnético nessa frase. Ela soa
autêntica.
 
Os que permanecem como o lutador são uma espécie rara. Não quero
dizer necessariamente vencer, mas apenas permanecer. Ficar agarrado
ali. Terminar. Não ir embora até que seja feito. Mas infelizmente
muitos poucos de nós fazem isso. Nossa tendência humana é desistir
cedo demais. Nossa inclinação é parar antes de cruzar a linha de
chegada.
 
Nossa incapacidade de terminar o que começamos é vista nas menores
coisas:
 
Um jardim com metade da grama cortada.
Um livro lido pela metade.
Cartas começadas, mas inacabadas.
Um regime posto de lado.
Um carro sobre cavaletes.
 
Ou se mostra nos pontos penosos da vida:
Uma criança abandonada.
Uma fé vacilante.
A pessoa que muda sempre de emprego.
Um casamento falido.
Um mundo não evangelizado.
 
Estou tocando em algumas feridas abertas? Há qualquer possibilidade
de estar me dirigindo a alguém que esteja considerando desistir? Se
estou, quero encorajar você a permanecer. Quero encorajá-lo a lembrar
a determinação de Jesus na cruz.
 
Jesus não desistiu. Não pense, porém, nem por um minuto, que não foi
tentado a fazê-lo. Observe como ele estremece ao ouvir seus apóstolos
caluniarem e discutirem. Olhe para ele quando chora junto ao túmulo
de Lázaro ou quando se lamenta ao agarrar-se ao solo de Getsêmani.
 
Ele jamais quis desistir? Claro que sim!
 
Essa a razão pela qual suas palavras são tão esplêndidas. "Está
consumado."
 
Pare e ouça. Você pode imaginar o grito da cruz? O céu está escuro.
As outras duas vítimas gemem. As bocas zombeteiras se calaram. Talvez
haja trovões. Talvez choro. Talvez silêncio. Jesus inala então
profundamente, empurra os pés sobre o prego romano e grita: "Está
consumado!"
 
O que estava consumado?
 
O plano da redenção do homem, longo como a história, estava
consumado. A mensagem de Deus para o homem havia terminado. As
palavras de Jesus como homem na terra não mais se repetiriam. A
tarefa de escolher e treinar embaixadores terminara. O trabalho
estava terminado. A canção fora cantada. O sangue derramado. O
sacrifício feito. O aguilhão da morte fora removido. Tudo acabara.
 
Um grito de derrota? Dificilmente. Se as suas mãos não tivessem sido
pregadas, ouso dizer que um punho triunfante teria sido levantado
para o céu escuro. Não, não foi um grito de desespero. Mas de
realização. Um grito de vitória, de cumprimento. Também um grito de
alívio.
 
O lutador permaneceu. E agradecemos por tê-lo feito. Graças a Deus
que Ele suportou.
 
Você está prestes a desistir? Não faça isso. Está desanimado como
pai? Fique firme. Está cansado de fazer o bem? Faça apenas um pouco
mais. Está pessimista em relação a seu emprego? Arregace as mangas e
persevere. Não existe comunicação em seu casamento? Dê-lhe mais uma
injeção. Não consegue resistir às tentações. Aceite o perdão de Deus
e continue em frente. Seu dia está cheio de tristeza e
desapontamentos? Seus amanhãs estão-se transformando em "nuncas"? A
esperança é uma palavra esquecida?
 
Lembre-se, quem persevera não é aquele que não apresenta ferimentos
nem está cansado. Pelo contrário, ele, como o lutador de boxe, está
cheio de cicatrizes e sangrando. Estas palavras foram atribuídas a
Madre Teresa: "Deus não nos chamou para ser bem-sucedidos, mas
fiéis." O lutador, como nosso Mestre, foi traspassado e está cheio de
dores. Ele, como Paulo, pode ter sido até algemado e açoitado. Mas
permanece, persevera.
 
A Terra Prometida, diz Jesus, aguarda os que perseveram.[3] Ela não é
apenas para aqueles que alcançam a vitória ou bebem champanhe. Não,
de modo algum. A Terra Prometida é para aqueles que simplesmente
permanecem até o fim.
 
Vamos perseverar.
 
Ouçam este coro de versículos destinados a dar-nos poder para
manter-nos firmes:
 
Meus irmãos, tende por motivo de toda a alegria o passardes por
várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez
confirmada, produz perseverança.[4]
 
Por isso restabelecei as mãos descaídas e os joelhos trôpegos; e
fazei caminhos retos para os vossos pés, para que não se extravie o
que é manco, antes seja curado.'[5]
 
E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se
não desfalecermos.'[6]
 
Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. Já agora a
coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me
dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos
amam a sua vinda.'[7]
 
Bem-aventurado o homem que suporta com perseverança a provação;
porque, depois de ter sido aprovado, receberá a coroa da vida, a qual
o Senhor prometeu aos que o amam.'[8]
 
Texto de  Max Lucado