Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida. João 5:24





sexta-feira, 15 de abril de 2011

O Estado da Alma Depois da Morte

Há quem afirme que, depois da morte, somos reduzidos ao silêncio. Que morte é morte mesmo, incluindo a própria alma. Ao morrer, o homem deixa realmente de existir (EG White; “O Grande Conflito”; Editara Casa Publicadora, 1981, pág. 539, 540). Mas será isso correto de acordo com a Bíblia?

Refutação:

a. O espírito não morre nem dorme na morte do homem. Dormir se refere ao corpo – Mt 27.52 e não à alma – Dt 34.5-6, comparado com Mt 17.1-3;

b. O espírito se separa do corpo na hora da morte e continua a viver consciente de si mesmo e com todas as suas faculdades depois da morte, seja ímpio ou justo. Quando é cristão vai estar com Cristo no céu: 2 Co 5.6-8; Fp 1.21-23; Lc 23.43; At 7.59; 2 Co 12.2-4 c.c. At 14.19; Hb 12.23; Ap 6.9-11. Se é ímpio vai para o Hades estar em tormento – Lc 16.22-25; 2 Pe 2.17.

c. Para provar que não procede afirmar que o espírito do homem é o seu fôlego de vida ou o ar que respiramos e que é reintegrado à atmosfera por ocasião da morte física, basta substituir a palavra espírito nas referências bíblicas pela palavra fôlego ou sopro e ver o resultado: o texto fica sem sentido — Mc 2.8; 8.12; At 17.16; Jo 13.21; 2 Co 7.1; 1 Pe 3.4; Mt 26.41.

Prof. João Flávio Martinez

quinta-feira, 14 de abril de 2011

FILIPENSES VERSOS A VERSO

   Introdução ao estudo da carta do apóstolo Paulo aos Filipenses
A cidade de Filipos – Era uma cidade importante no Império Romano por causa de sua localização geográfica na região montanhosa entre a Ásia e Europa.
O apóstolo Paulo visita Filipos pela primeira vez, por ocasião de sua Segunda viagem missionária, como descrito em Atos 16. A visão que Paulo teve em Troas, era Deus convocando o apóstolo a passar ao continente europeu, dando-se ali, em Filipos, as primeiras conversões na Europa e, por isso, Filipos tem sido chamada o "berço do cristianismo europeu".

"De noite apareceu a Paulo esta visão: estava ali em pé um homem da Macedônia, que lhe rogava: Passa à Macedônia e ajuda-nos. E quando ele teve esta visão, procurávamos logo partir para a Macedônia, concluindo que Deus nos havia chamado para lhes anunciarmos o evangelho. Navegando, pois, de Trôade, fomos em direitura a Samotrácia, e no dia seguinte a Neápolis; e dali para Filipos, que é a primeira cidade desse distrito da Macedônia, e colônia romana; e estivemos alguns dias nessa cidade." (Atos 16:9-12)

A igreja em Filipos cresceu e se fortaleceu e trouxe muitas alegrias ao coração do apóstolo. Paulo escreve esta carta, muitos anos mais tarde quando, na prisão em Roma, em condições subumanas, mas que não puderam tirar o gozo do servo de Deus. A igreja de Filipos amava muito a seu pai na fé, e mostra-lhe muito afeto, enviando-lhe uma carta viva na pessoa de seu representante Epafrodito. Não esqueceu, também, de enviar-lhe algum dinheiro para alguma necessidade temporal.

 "Mas tenho tudo; tenho-o até em abundância; cheio estou, depois que recebi de Epafrodito o que da vossa parte me foi enviado, como cheiro suave, como sacrifício aceitável e aprazível a Deus." (4:18)

Características da carta  

Notamos três características principais nesta carta. Primeiramente, é uma carta bem pessoal, indicando a profundidade da amizade e fraternidade entre o apóstolo e a igreja. Outra marca desta carta é a centralidade da pessoa de Jesus Cristo e o Seu senhorio. Nesta carta temos um dos mais belos hinos sobre a humilhação e exaltação de Cristo como Senhor absoluto.

"Tende em vós aquele sentimento que houve também em Cristo Jesus, o qual, subsistindo em forma de Deus, não considerou o ser igual a Deus coisa a que se devia aferrar, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, tornando-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz. Pelo que também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu o nome que é sobre todo nome; para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai." (Filip. 2:5-11)

Mas, sem dúvida, uma outra grande característica de Filipenses é o destaque que o apóstolo dá ao gozo reinante no seu coração, apesar de estar ele em circunstâncias humanas tão tristes na prisão. Só Deus pode, pelo Seu Espírito, colocar "alegria" no coração de Seus servos em "qualquer tempo" e sob "quaisquer circunstâncias".

A nota dominante  

Esta é a mais "alegre" carta do Novo Testamento. Do início ao final a alegria é a nota dominante.
Alegria (CHARA) aparece 5 vezes. 

"Fazendo sempre, em todas as minhas orações, súplicas por todos vós com ALEGRIA" (1:4)
"E, tendo esta confiança, sei que ficarei, e permanecerei com todos vós para vosso progresso e GOZO na fé" (1:25)
"Completai o meu GOZO, para que tenhais o mesmo modo de pensar, tendo o mesmo amor, o mesmo ânimo, pensando a mesma coisa" (2:2)
"Recebei-o, pois, no Senhor com todo o GOZO, e tende em honra a homens tais como ele" (2:29)
"Portanto, meus amados e saudosos irmãos, minha ALEGRIA e coroa, permanecei assim firmes no Senhor, amados." (4:1)
O verbo regozijai-vos (CHAIREIN) onze vezes:
"Mas que importa? contanto que, de toda maneira, ou por pretexto ou de verdade, Cristo seja anunciado, nisto me REGOZIJO, sim, e me REGOZIJAREI" (1:18)
"Contudo, ainda que eu seja derramado como libação sobre o sacrifício e serviço da vossa fé, FOLGO e me REGOZIJO com todos vós" (2:17)
"E pela mesma razão FOLGAI vós também e REGOZIJAI-VOS comigo." (2:18)
"Por isso vo-lo envio com mais urgência, para que, vendo-o outra vez, vos REGOZIJEIS, e eu tenha menos tristeza." (2:28)
"Quanto ao mais, irmãos meus, REGOZIJAI-VOS no Senhor. Não me é penoso a mim escrever-vos as mesmas coisas, e a vós vos dá segurança." (3:1)
"REGOZIJAI-VOS sempre no Senhor; outra vez digo, REGOZIJAI-VOS." (4:4)
"Ora, muito me REGOZIJO no Senhor por terdes finalmente renovado o vosso cuidado para comigo; do qual na verdade andáveis lembrados, mas vos faltava oportunidade." (4:10)

Prefácio e saudação


1:1 – "Paulo e Timóteo, servos de Cristo Jesus, a todos os santos em Cristo Jesus que estão em Filipos, com os bispos e diáconos

A maneira de escrever carta era diferente de nossos dias. Normalmente, o nome de quem escreveu a carta vem ao final, mas no tempo de Paulo, o nome de quem enviava aparecia em primeiro lugar.
Paulo inclui o nome de Timóteo nesta saudação, mas não significa que Timóteo tenha sido co-autor da carta, mas era uma característica de Paulo identificar-se com seus colegas de ministério, na obra de Evangelização. Aliás, Paulo foi um grande e sábio líder que sabia, de fato, recrutar e envolver pessoas no trabalho do Senhor. Isso fica muito claro quando olhamos para a grande lista de colaboradores em suas saudações finais e agradecimentos no capítulo 16 de Romanos.
Esta referência carinhosa a Timóteo já estava preparando a igreja para receber a orientação e a ajuda que ele levaria numa visita próxima.

"Ora, espero no Senhor Jesus enviar-vos em breve Timóteo, para que também eu esteja de bom ânimo, sabendo as vossas notícias. Porque nenhum outro tenho de igual sentimento, que sinceramente cuide do vosso bem-estar." (2:19-20)

"Paulo e Timóteo, servos de Jesus Cristo" 

Era assim que Paulo gostava de ser chamado: "Servo" de Jesus. Escravos ("DOULOS") eram propriedade de seus senhores; homens e mulheres eram vendidos como objetos, como ferramentas.
Graças a Deus, hoje já não existe a figura do escravo sendo vendido como gado ou arado. Mas, Paulo não sentia vergonha em se dizer "propriedade" de Cristo e aplicou para si esta figura.

"Ou não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que habita em vós, o qual possuís da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por preço; glorificai pois a Deus no vosso corpo." (I Cor. 6:19-20)
1:2 – "Graça a vós, e paz da parte de Deus nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo."

Nesta saudação, o apóstolo Paulo mostra que tudo que "somos" e "fazemos" se alicerça na "graça" de Deus, cuja fonte perene é Jesus. A palavra "graça" (CHARIS) aparece cerca de cem vezes nas 13 cartas de Paulo.
É, de fato, a graça de Deus que tem transformado o "perseguidor" num "perseguido" ministro.

"do qual fui feito ministro, segundo o dom da graça de Deus, que me foi dada conforme a operação do seu poder. A mim, o mínimo de todos os santos, me foi dada esta graça de anunciar aos gentios as riquezas inescrutáveis de Cristo" (Ef. 3:7-8)

É esta mesma "graça" que tem justificado a todo aquele que crê.

"Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus" (Rom. 3:24)
"Paz da parte de Deus"

É muito importante que observemos a ordem destas palavras: Primeiro vem a graça e depois a paz.
O mundo de hoje fala muito de "paz", mas quase nada de "graça".
Por isso, o que vemos hoje é que a "paz" é apenas discurso por falta da "graça" de Jesus nos corações.

"Também se ocupam em curar superficialmente a ferida do meu povo, dizendo: Paz, paz; quando não há paz." (Jer. 6:14)
"Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; eu não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize." (João 14:27)
"...Da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo"

O apóstolo deixa muito claro nesta saudação que a "fonte" tanto de graça como da paz é o soberano Senhor Jesus Cristo.
A paz que Jesus traz é muito mais do que ausência de guerra ou aflições, pelo contrário, podemos ter paz em meio às aflições.
Nesta mesma carta ao final, o apóstolo fala de muitas aflições a que estamos sujeitos neste mundo; mas, fala também, de uma paz que excede a todo entendimento 

"Não digo isto por causa de necessidade, porque já aprendi a contentar-me com as circunstâncias em que me encontre. Sei passar falta, e sei também ter abundância; em toda maneira e em todas as coisas estou experimentado, tanto em ter fartura, como em passar fome; tanto em ter abundância, como em padecer necessidade. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos pensamentos em Cristo Jesus." (4:11,12,7)

1:3-4 – "Dou graças ao meu Deus todas as vezes que me lembro de vós, fazendo sempre, em todas as minhas orações, súplicas por todos vós com alegria"

Como já destacamos na introdução, a alegria, o gozo são as marcas características de toda carta aos filipenses. Assim também deve ser a vida cristã de cada um de nós.
O amor e fidelidade dos irmãos da igreja de Filipos traziam à memória de Paulo uma lembrança inspiradora. Na realidade, o apóstolo sentia profunda saudade da igreja, e coloca Deus como testemunha desta saudade.

"Pois Deus me é testemunha de que tenho saudades de todos vós, na terna misericórdia de Cristo Jesus." (1:8)

Não era um saudosismo inconseqüente, mas era uma saudade que estimulava a oração intercessória. Paulo era um homem de oração perseverante, como podemos observar nesta expressão: "Fazendo sempre, em todas as minhas orações...".
Ele estava preso, impedido de realizar a obra missionária por toda parte, como tanto gostava de fazer. Mas, o seu espírito não está preso, e por isso podia continuar a fazer a obra de Deus, exercendo o maravilhoso ministério da oração intercessória.
Paulo era um pastor que orava por seu rebanho e sentia, também, a necessidade da oração do povo de Deus por seu ministério.

"Com toda a oração e súplica orando em todo tempo no Espírito e, para o mesmo fim, vigiando com toda a perseverança e súplica, por todos os santos, e por mim, para que me seja dada a palavra, no abrir da minha boca, para, com intrepidez, fazer conhecido o mistério do evangelho, pelo qual sou embaixador em cadeias, para que nele eu tenha coragem para falar como devo falar." (Ef. 6:18-20)
1:5 – "Pela vossa cooperação a favor do evangelho desde o primeiro dia até agora" 

A igreja de Filipos era uma igreja que participava integralmente na expansão do Evangelho. Paulo lembra com gratidão esta cooperação perseverante da igreja, dizendo "desde o primeiro dia até agora".
Não era uma cooperação momentânea ou esporádica, mas contínua, constante. Era uma igreja que vivia a recomendação de Paulo em I Cor. 15:58.

"Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor".

Outro detalhe a destacar é a participação de todos os crentes. Todos participavam com alegria, como bem expressa o apóstolo no v-7: "...pois todos vós sois participantes comigo da graça, tanto nas minhas prisões como na defesa e confirmação do evangelho".
Paulo tinha muitos motivos para se alegrar com esta igreja. Como alegra o coração do pastor ter uma igreja que coopera, que participa, que se envolve e aceita desafios!
A falta de cooperação e o desinteresse do povo de Deus, trazem tristezas, primeiramente ao coração do Senhor e também ao coração do pastor.
A igreja de Filipos trazia à memória de Paulo, lembranças abençoadoras. Quando as pessoas se lembrarem de nós terão elas gratidão pela nossa fidelidade e amor? Seremos lembrados pela nossa fidelidade e amor à Palavra como foram Loide e Eunice?

"Trazendo à memória a fé não fingida que há em ti, a qual habitou primeiro em tua avó Loide, e em tua mãe Eunice e estou certo de que também habita em ti." (II Tim. 1:5)

A Bíblia fala de um homem que morreu sem deixar, de si, saudades: Jeorão

"Tinha trinta e dois anos quando começou a reinar, e reinou oito anos em Jerusalém. Morreu sem deixar de si saudades; e o sepultaram na cidade de Davi, porém não nos sepulcros dos reis." (II Crôn. 21:20)

Que sejamos fiéis em toda nossa vida cristã e grandes colaboradores da obra do Senhor, como os crentes de Filipos e sejamos exemplos como Loide e Eunice para que se lembrem de nós com gratidão, como Paulo aqui se expressa.

1:6-11 – "Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até o dia de Cristo Jesus... e isto peço em oração: que o vosso amor aumente mais e mais no pleno conhecimento e em todo o discernimento"

Os versos de 6-11 descrevem, de maneira majestosa, como o crente deve crescer a cada dia na vida cristã e perseverar neste crescimento constante "até o dia de Cristo".
O verso 6 faz referência à "origem" da nossa Salvação, a grande obra de Deus realizada em nós. Foi Deus mesmo que começou em nós esta maravilhosa "obra", pela ação do Seu Espírito Santo, e através da morte de Seu filho Jesus.
A nossa Salvação é iniciativa absoluta de Deus vindo ao encontro do pecador perdido. Por isso, lemos em Hebreus 12:2: "Fitando os olhos em Jesus, Autor e Consumador da nossa fé, o qual pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a ignomínia, e está assentado à direita do trono de Deus."

Jesus não apenas é o "autor" da fé, mas também o consumador dela. Aquele que começou em nós a "boa obra", também a aperfeiçoará até o dia de Cristo.
Aqui temos reafirmada a doutrina bíblica da perseverança do crente. É o próprio Senhor Jesus que nos aperfeiçoa a cada dia e nos retém dentro da sua mão.

"Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora." (João 6:37)
"Eu lhes dou a vida eterna, e jamais perecerão; e ninguém as arrebatará da minha mão." (João 10:28)

A vida cristã é dinâmica e progressiva. É inconcebível alguém que se diz estar em Cristo e ficar estagnado na vida cristã. O Senhor quer nos aperfeiçoar a cada dia, levando-nos a frutificar abundantemente.
A seiva vem do Senhor Jesus, que é a videira. Nós somos as varas e, por isso Jesus disse: "...Aquele que permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer" (João 15:5)
Os crentes de Filipos estavam experimentando este aperfeiçoamento, este crescimento na vida cristã. Isto ficou demonstrado claramente, como podemos observar:
V 7 – "...Sois participantes comigo da graça, tanto nas minhas prisões, como na defesa e confirmação do Evangelho"
Precisamos ser "participantes" integrais na obra de Deus aqui na terra, como os crentes de Filipos, envolvendo-nos de corpo e alma na proclamação do Evangelho, mesmo que isto nos custe caro e até mesmo prisões e morte.
V 9 – "...Vosso amor aumente mais e mais no pleno conhecimento e discernimento"
Neste processo de Deus nos aperfeiçoar, sempre haverá lugar para crescer em amor. Este é o principal fruto do Espírito Santo em nós. Quando crescemos em amor, as outras virtudes crescem na mesma proporção.
"Mas o fruto do Espírito é: o amor, o gozo, a paz, a longanimidade, a benignidade, a bondade, a fidelidade, a mansidão, o domínio próprio; contra estas coisas não há lei." (Gálátas 5:22-23)
V 10 – "Para que aproveis as coisas excelentes, a fim de que sejais sinceros, e sem ofensa até o dia de Cristo"

O crente em crescimento aprovará "as coisas excelentes" .

1:10 – "Para que aproveis as coisas excelentes, a fim de que sejais sinceros, e sem ofensa até o dia de Cristo"

O amor crescente em nossos corações nos levará ao "pleno conhecimento" e a "todo discernimento" como foi expresso no versículo 9. Este mesmo amor crescendo a cada dia, nos levará a "aprovar" as coisas excelentes.
O verbo grego para "aprovar" é ‘DOKIMADZO" que significa "submeter a teste", "examinar", "provar" como se prova a genuinidade do metal das moedas.
No tempo antigo, quando o dinheiro corrente era somente a moeda, havia muita falsificação do metal das moedas, tanto na sua pureza, como também no peso. Naquele tempo, um homem honrado era aquele que só colocava em circulação moedas genuínas, na pureza e no peso do metal. Este homem honrado era chamado "DOKINOS" ou "aprovado".
A mesma palavra é usada em I João 4:1:"Amados, não creiais a todo espírito, mas provai se os espíritos vêm de Deus; porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo." O sentido é o mesmo; o de colocar à prova, examinar, usando como base a Palavra de Deus.
Em I Tess. 5:21 aparece a mesma palavra, e é uma exortação para que estejamos atentos e não aceitemos nada antes de um apurado exame à luz da Palavra de Deus. "Mas ponde tudo à prova. Retende o que é bom"

"...As coisas excelentes"

Não basta colocar à prova e examinar com profundidade todas as coisas. É preciso "provar", no sentido de "experimentar", ou buscar na prática as coisas excelentes. Em Romanos 12:2, a palavra "DOKIMADZO" é traduzida como "experimentar" a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.
"E não vos conformeis a este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus."
Aquele que está crescendo em amor, naturalmente procura viver a "excelência" da vida cristã. A palavra grega para excelência é "DIAPHERO" e que significa "ser diferente". A idéia básica neste verso é algo destacado pela excelência, pelo valor e não, simplesmente por ser diferente. A tradução de Moffatt diz: "um sentido daquilo que é vital".
Sentido de "vital" ou "as coisas melhores" ou "o que é mais alto e melhor", é realmente o que significa "aprovar as coisas excelentes". O crente precisa ser diferente por buscar aquilo que é mais alto, aquilo que é melhor e espelhar na sua vida diária esta "excelência" de viver. Deus deseja fazer de cada um de nós pessoas comprometidas com a "Excelência" da vida cristã. Buscar as coisas excelentes é estar profundamente comprometido com a Palavra de Deus e seu Reino. Precisamos de lares de crentes que busquem a "excelência do viver cristão", e fujam da mediocridade e superficialidade na vida cristã.
Ilustração: Estatística demonstra que lares de crentes genuíno e comprometidos com a excelência, via de regra, dão origem a cristãos também comprometidos com a excelência. 


Ele sabe discernir entre o bem e o mal e por causa do amor, escolhe servir o bem  as coisas excelentes. Ele sabe discernir entre o que é vital e o que é de menos importância.

"Não atentando nós nas coisas que se vêem, mas sim nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, enquanto as que se não vêem são eternas.." (II Cor. 4:18)
"Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra" (Col. 3:2)

Aprovar as coisas excelentes é a conseqüência natural quando se vive em amor, que é o
"caminho sobremodo excelente" (I Cor. 12:31b)
1:12 – "E quero, irmãos, que saibais que as coisas que me aconteceram têm antes contribuído para o progresso do evangelho"
O apóstolo Paulo havia escrito a epístola aos Romanos alguns anos antes e, entre as verdades ditas, podemos                     destacar Rom. 8:28:
"Todas as coisas cooperam para o bem dos que amam a Deus e são chamados por seu decreto".

Agora ele experimenta, de maneira muito viva, a realidade desta verdade. Todo sofrimento de Paulo que veio a culminar com a sua prisão em Roma depois de ter apelado para César, diz ele que
"tem contribuído para o progresso do Evangelho..."
A prisão de Paulo poderia significar o fim da sua atividade missionária e trazer um certo desânimo para os irmãos, mas Deus é poderoso para transformar aflições em bênçãos, como aconteceu com José do Egito:
"Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim; Deus, porém, o intentou para o bem, para fazer o que se vê neste dia, isto é, conservar muita gente com vida." (Gênesis 50:20)

Foi exatamente o que aconteceu, pois Paulo transformou a prisão em seu campo missionário, dando o seu testemunho a "toda guarda pretoriana" e a "todos os demais" dentro de Império Romano que, eventualmente, tivesse contato com ele. Paulo cumpriu na sua vida aquilo que ensinava

"Prega a palavra, insta a tempo e fora de tempo, admoesta, repreende, exorta, com toda longanimidade e ensino." (II Tim. 4:2)
1:14 – "Também a maior parte dos irmãos no Senhor, animados pelas minhas prisões, são muito mais corajosos para falar sem temor a palavra de Deus." 

Além da prisão se tornar um centro de evangelização, também passou a ser um estímulo aos crentes que se tornaram mais ousados e corajosos, inspirados no maravilhoso testemunho de fidelidade e destemor do apóstolo.
Se o medo e desânimo contagiam, a coragem e o entusiasmo também fazem o mesmo. Que tipo de influência temos sido nós para aqueles que nos cercam?
Os dez espias contagiaram o povo de Israel com o seu medo e covardia mas, graças a Deus, que teremos sempre "Josués, Calebes e Paulos" que contagiam por sua fé e entusiasmo.

"E falaram a toda a congregação dos filhos de Israel, dizendo: A terra, pela qual passamos para a espiar, é terra muitíssimo boa. Se o Senhor se agradar de nós, então nos introduzirá nesta terra e no-la dará; terra que mana leite e mel. Tão somente não sejais rebeldes contra o Senhor, e não temais o povo desta terra, porquanto são eles nosso pão. Retirou-se deles a sua defesa, e o Senhor está conosco; não os temais." (Números 14:7-9)
1:15-18 – "Verdade é que alguns pregam a Cristo até por inveja e contenda, mas outros o fazem de boa mente; estes por amor, sabendo que fui posto para defesa do evangelho; mas aqueles por contenda anunciam a Cristo, não sinceramente, julgando suscitar aflição às minhas prisões. Mas que importa? contanto que, de toda maneira, ou por pretexto ou de verdade, Cristo seja anunciado, nisto me regozijo, sim, e me regozijarei" 

O versículo 14 diz que a maior parte dos irmãos foi animada com as prisões de Paulo. Mas, alguns sentiam inveja. Eram irmãos imaturos, possivelmente judaizantes, que faziam oposição ao ministério de Paulo. Eles semeavam contendas e procuravam minar a autoridade apostólica.
Tudo indica que era oposição pessoal ao ministério de Paulo. Não se trata de pregadores de heresias, mas pessoas que pregavam o verdadeiro Evangelho com motivos errados. Pensavam eles que fazendo mais do que Paulo, poderiam causar tristeza ao coração do apóstolo, ou diminuir a sua a sua autoridade.
Paulo mostra grandeza de coração, ao não se mostrar ressentido ou magoado com essas pessoas, mas sim, capaz de se alegrar porque, mesmo por motivos errados, o Evangelho estava sendo espalhado.
  
1:19 – "Porque sei que isto me resultará em salvação, pela vossa súplica e pelo socorro do Espírito de Jesus Cristo"

A alegria do apóstolo Paulo, em meio à aflição, expressa no V 18 "...nisto me regozijo, sim, e me regozijarei", tem a sua base na "súplica" do povo de Deus "...pela vossa súplica..." e no "...socorro do Espírito de Jesus Cristo".

Aqui temos a apresentação clara do maravilhoso ministério de intercessão. A igreja de Filipos orava fervorosamente por Paulo na prisão, como também, a igreja de Jerusalém orava com "insistência a Deus" por Pedro, que estava preso.

"Pedro, pois, estava guardado na prisão; mas a igreja orava com insistência a Deus por ele... E eis que sobreveio um anjo do Senhor, e uma luz resplandeceu na prisão; e ele, tocando no lado de Pedro, o despertou, dizendo: Levanta-te depressa. E caíram-lhe das mãos as cadeias... Depois de assim refletir foi à casa de Maria, mãe de João, que tem por sobrenome Marcos, onde muitas pessoas estavam reunidas e oravam." (Atos 12:5,7,12)

Paulo confiava nas orações do povo de Deus, e sabia que "resultaria na sua salvação". A palavra aqui é "SOTERIA", a mesma palavra para a "Salvação" eterna em Jesus Cristo de Atos 4:12
"E em nenhum outro há salvação; porque debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, em que devamos ser salvos." 

Mas, aqui neste contexto, ela provavelmente tem outro sentido. Paulo se referia à sua libertação da prisão ou a preservação do corpo, ou salvação da morte física; exatamente o que significa "SÓTERIA" em Atos 27:34:
"Rogo-vos, portanto, que comais alguma coisa, porque disso depende a vossa segurança; porque nem um cabelo cairá da cabeça de qualquer de vós." 

De fato, Paulo foi liberto da prisão e por mais dois anos, pelo menos, continuou a glorificar a Deus "pela vida", ou seja, através de seu corpo.
Como é importante o ministério da intercessão do povo de Deus. A oração é o instrumento poderoso para trazer libertação em todos os sentidos. Por isso, somos sempre exortados a orar com perseverança.

"Orai sem cessar... Irmãos, orai por nós." (I Tess. 5:17,25)
"Finalmente, irmãos, orai por nós, para que a palavra do Senhor se propague e seja glorificada. como também o é entre vós, e para que sejamos livres de homens perversos e maus; porque a fé não é de todos." (I Tess. 3:1-2)
"Rogo-vos, irmãos, por nosso Senhor Jesus Cristo e pelo amor do Espírito, que luteis juntamente comigo nas vossas orações por mim a Deus" (Rom. 15:30)

A oração sincera e fervorosa do crente tem poder extraordinário e, de fato, a "oração move a mão que move o universo"; também, a "oração é um arsenal ricamente abastecido, no qual podemos buscar armas para enfrentar os cuidados e tribulações deste mundo".

"Pelo socorro do Espírito de Jesus Cristo"


Sim, é no socorro do Espírito Santo que Paulo alicerça a sua certeza de vitória. Isto, porque o Espírito Santo é o grande intercessor, que intercede por nós com "gemidos inexprimíveis". É o Espírito Santo que nos "guia" e nos "ajuda" a orar de maneira correta e aceitável diante de Deus.

"Do mesmo modo também o Espírito nos ajuda na fraqueza; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o Espírito mesmo intercede por nós com gemidos inexprimíveis."(Rom. 8:26)
1:20 – "Segundo a minha ardente expectativa e esperança, de que em nada serei confundido; antes, com toda a ousadia, Cristo será, tanto agora como sempre, engrandecido no meu corpo, seja pela vida, seja pela morte." 

Paulo tem o seu olhar voltado para o futuro em ardente expectativa de servir ao Senhor, enquanto aqui na terra. Mas, nunca perdeu  de vista sua expectativa maior, de estar para sempre com o Senhor.

Em Romanos 8:18-19, Paulo focaliza esta "ardente expectativa" dos filhos de Deus, como fonte de inspiração e força para vencer as aflições do tempo presente.

"Pois tenho para mim que as aflições deste tempo presente não se podem comparar com a glória que em nós há de ser revelada. Porque a criação aguarda com ardente expectativa a revelação dos filhos de Deus."

O objetivo seu era, exclusivamente, "engrandecer" a Cristo: seja pela vida, seja pela morte.
Que alto ideal para ser imitado! Paulo só podia dizer isto porque, de fato, Cristo era "tudo" em sua vida e não mais vivia ele, mas Cristo.

"Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé no filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim." (Gál. 2:20)

1:21-22 "Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é lucro. Mas, se o viver na carne resultar para mim em fruto do meu trabalho, não sei então o que hei de escolher."
Paulo tinha profunda consciência da sua missão. Todo o seu ministério até aquele momento, ali na prisão, havia sido muito frutífero, mas ainda desejava continuar abundante no frutificar. Ele sabia, com certeza, que continuar na carne resultaria em mais frutos na obra do Senhor. A grande motivação que ele tinha para continuar vivendo era poder continuar "servindo" ao Senhor com abundantes frutos. Belo exemplo para nós, crentes de hoje ! Temos nós, produzido frutos abundantes para Deus? E "servir" ao Senhor é, de fato, a grande motivação que temos para continuar a viver aqui neste mundo?

"Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos." (João 15:8)
1:23-24 - " Mas de ambos os lados estou em aperto, tendo desejo de partir e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor; todavia, por causa de vós, julgo mais necessário permanecer na carne." 

O apóstolo diz estar em "aperto" entre as duas situações que poderiam ocorrer: partir e estar com Cristo ou permanecer na carne. A escolha, no entanto, não era dele, mas do Senhor. Ele apenas manifesta aos filipenses, como seria difícil se a decisão dependesse inteiramente dele. Então, ele deixa claro que "partir" e estar com Cristo, seria muito melhor, mas que se dobra diante da vontade de Deus com alegria, sabendo que ainda Deus o usaria para o "progresso" do Reino aqui na terra.

O apóstolo Paulo usa a expressão "partir e estar com Cristo" e assim, destrói muitos falsos argumentos que procuram negar o encontro imediato do crente com Jesus, ao morrer.
Já em Romanos 8:38, Paulo disse que "nem a morte" poderá nos separar do amor de Deus e aqui, ele confirma esta verdade, mostrando que a morte física não nos separa de Cristo.
A palavra "partir", no grego "analyein" compreende pelo menos, duas figuras.
A primeira figura é de levantar acampamento, soltar as estacas e amarras e prosseguir a marcha, rumo à eternidade com Cristo. A morte não interrompe a caminhada, mas apressa o encontro com o Senhor.

A outra figura é de soltar amarras ou recolher âncoras do navio, rumo ao profundo mar. Morrer é empreender uma viagem para o porto seguro e eterno com o Senhor nos céus.
O apóstolo deixa claro, portanto, que a morte não é destruição ou aniquilamento. A morte é partida.

As doutrinas do aniquilamento ou o sono da alma são insustentáveis à luz das Escrituras.
Em II Cor. 5:1-10 fica claramente demonstrado que o nosso corpo é apenas um tabernáculo ou uma tenda que se desfaz (5:1) e que estar "ausente deste corpo" significa "estar presente com o Senhor" (5:8)

"Porque sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos de Deus um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus. Pois neste tabernáculo nós gememos, desejando muito ser revestidos da nossa habitação que é do céu, se é que, estando vestidos, não formos achados nus. Porque, na verdade, nós, os que estamos neste tabernáculo, gememos oprimidos, porque não queremos ser despidos, mas sim revestidos, para que o mortal seja absorvido pela vida. Ora, quem para isto mesmo nos preparou foi Deus, o qual nos deu como penhor o Espírito. Temos, portanto, sempre bom ânimo, sabendo que, enquanto estamos presentes no corpo, estamos ausentes do Senhor (porque andamos por fé, e não por vista); temos bom ânimo, mas desejamos antes estar ausentes deste corpo, para estarmos presentes com o Senhor. Pelo que também nos esforçamos para ser-lhe agradáveis, quer presentes, quer ausentes. Porque é necessário que todos nós sejamos manifestos diante do tribunal de Cristo, para que cada um receba o que fez por meio do corpo, segundo o que praticou, o bem ou o mal." (II Cor. 5:1-10)

Estevão foi, de imediato, estar com o Senhor, como demonstrado em Atos 7:59.

" Apedrejavam, pois, a Estêvão que orando, dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito." (Atos 7:59)
O ladrão convertido ao lado de Jesus, também recebeu a promessa de Jesus, que estaria naquele mesmo dia no paraíso.

" Respondeu-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso." (Lucas 23:43)
"E o pó volte para a terra como o era, e o espírito volte a Deus que o deu." (Ecles. 12:7)
 
1:27 - " Somente portai-vos, dum modo digno do evangelho de Cristo, para que, quer vá e vos veja, quer esteja ausente, ouça acerca de vós que permaneceis firmes num só espírito, combatendo juntamente com uma só alma pela fé do evangelho"

O apóstolo Paulo, agora, se volta mais para o aspecto prático e focaliza a qualidade de "vida diária" dos crentes.
Portar-se de modo digno do Evangelho significa viver como verdadeiro cidadão. O verbo grego para "PORTAI-VOS" é "POLITEO", que significa "ser cidadão".
A exortação era para que os crentes vivessem de maneira digna; como cidadãos, que glorificassem ao Senhor Jesus, através de seu comportamento. Paulo era cidadão romano e em Filipos, uma colônia romana, todos também se orgulhavam da cidadania romana. Mas, Paulo os lembra que tinham uma outra cidadania e que deviam viver de tal modo que agradassem, primeiramente, ao Supremo Senhor Jesus e, consequentemente, fossem exemplo de vida na comunidade em que viviam.
Por isso, Paulo escreve mais à frente, dizendo: "Mas, a nossa Pátria está nos céus". Somos, portanto, cidadãos de duas pátrias e o nosso "padrão de vida", aqui na terra deve ser estabelecido pelo Evangelho de Cristo, de modo a termos um comportamento digno deste Evangelho.

" Mas a nossa pátria está nos céus, donde também aguardamos um Salvador, o Senhor Jesus Cristo" (Filip. 3:20)
"Para que, quer vá e vos veja, quer esteja ausente, ouça acerca de vós que permaneceis firmes"

Paulo tinha esperança de poder estar com os irmãos e ajudá-los ainda mais no crescimento, mas não queriam que fossem "dependentes" dele. Estimula-os a caminharem sozinhos na vida cristã e a permanecerem firmes.
Paulo sabia como e quando "desmamar" o crente novo para fazê-lo caminhar, sem profundas dependências emocionais e espirituais. Infelizmente, alguns não têm este discernimento e, por vaidade, estimulam esta dependência, dizendo: "Fulano precisa muito de mim".
A igreja de Filipos era relativamente nova, não mais do que 10 anos, mas já experimentava excelente sinal de maturidade, apesar de ter, também, alguns problemas. Uma possível dificuldade era de relacionamento entre os irmãos. Aqui, ele recomenda a estarem "firmes num só espírito" e em 2:3, ele fala em ter um "mesmo modo de pensar" e em 4:2, ele exorta a "Evódia e Síntique que sintam o mesmo no Senhor". No entanto, alguns sinais desta maturidade da igreja de Filipos são destacados e devem ser imitados por nós.
  1. PERSEVERANÇA - "PERMANECEIS firmes" não é só ter firmeza, mas perseverar nesta firmeza, permanecer neste propósito sempre, como diz Paulo em I Cor. 15:58
  2. " Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor." (I Cor. 15:58)
  3. FIRMEZA - "Permanecei FIRMES" - Estabilidade e firmeza de uma rocha e não vacilante como as ondas do mar
  4. " Aqueles que confiam no Senhor são como o monte Sião, que não pode ser abalado, mas permanece para sempre." (Salmo 125:1)
  5. UNIDADE - "Num só espírito" - A Igreja precisa estar unida em amor para que o mundo creia no Senhor Jesus.
  6. " Eu não estou mais no mundo; mas eles estão no mundo, e eu vou para ti. Pai santo, guarda-os no teu nome, o qual me deste, para que eles sejam um, assim como nós. Para que todos sejam um; assim como tu, ó Pai, és em mim, e eu em ti, que também eles sejam um em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste." (João 17:11,21)
    Apesar de sermos diferentes uns dos outros, podemos viver em um espírito, unidos como um corpo e, ligados e dependentes do Supremo Cabeça, Jesus Cristo.
    " Do qual o corpo inteiro bem ajustado, e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa operação de cada parte, efetua o seu crescimento para edificação de si mesmo em amor." (Efésios 4:16)
  7. COMBATE - "Combatendo juntamente com uma só alma" - A vida cristã é luta e desafio, que exige coragem e destemor e, sobretudo, confiança no "Senhor dos Exércitos". O apóstolo Paulo sabia disto e viveu isto integralmente. Ao final de sua carreira disse:
  8. " Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé." (II Tim. 4:7)
" Sofre comigo como bom soldado de Cristo Jesus." (II Tim. 2:3)

1:28 - " E que em nada estais atemorizados pelos adversários, o que para eles é indício de perdição, mas para vós de salvação, e isso da parte de Deus"
Vimos no estudo anterior algumas evidências da maturidade cristã dos irmãos da igreja de Filipos, o viver digno do Evangelho:

1.Perseverança   2.  Firmeza; 3.  Unidade; 4.  Combate

Os versos seguintes nos mostram outras evidências de maturidade cristã que a igreja de Filipos estava experimentando:

5. "CORAGEM E OUSADIA "...e que em nada estais atemorizados pelos adversários"
O "portar-se" digno do Evangelho significa viver desassombradamente.  A Igreja de Cristo no primeiro século foi duramente provada, e a Igreja de Filipos viveu neste tempo difícil, quando havia muita perseguição e muitos foram martirizados.
A igreja de Filipos nasceu em meio a dura perseguição e o apóstolo Paulo, juntamente com Silas, foram açoitados e presos ali.
" A multidão levantou-se à uma contra eles, e os magistrados, rasgando-lhes os vestidos, mandaram açoitá-los com varas. E, havendo-lhes dado muitos açoites, os lançaram na prisão, mandando ao carcereiro que os guardasse com segurança." (Atos 16:22-23)
Mas, a igreja não se intimida com o adversário; avança ousada e corajosamente. Nós, também, hoje temos adversários, que se manifestam de diferentes formas e, por isso, precisamos desta mesma ousadia diante das adversidades. Precisamos levantar a cabeça porque somos filhos do Rei e estamos a Seu serviço, e temos dEle a certeza da vitória.
" Mas em todas estas coisas somos mais que vencedores, por aquele que nos amou." (Romanos 8:37)
1:29 - "Pois vos foi concedido, por amor de Cristo, não somente o crer nele, mas também o padecer por ele"

6. PADECER POR CRISTO. " Pois vos foi concedido, por amor de Cristo, não somente o crer nele, mas também o padecer por ele" - O crente demonstra sua "real" maturidade exatamente no sofrimento. Paulo fala do grande privilégio que temos de "crer" em Cristo. Realmente, não é difícil nos regozijarmos por isto. A Salvação recebida pela graça é, realmente, maravilhosa.
Mas, o "portar-se" digno do Evangelho inclui a capacidade de nos gloriarmos, também nos sofrimentos.

" Amados, não estranheis a ardente provação que vem sobre vós para vos experimentar, como se coisa estranha vos acontecesse; mas regozijai-vos por serdes participantes das aflições de Cristo; para que também na revelação da sua glória vos regozijeis e exulteis. Se pelo nome de Cristo sois vituperados, bem-aventurados sois, porque sobre vós repousa o Espírito da glória, o Espírito de Deus." (I Pedro 4:12-14)
"E isto da parte de Deus"

Deus está no controle de todas as coisas, inclusive ao permitir estes sofrimentos. Os inimigos interpretarão o sofrimento do povo de Deus como sinal de perdição ou de maldição. Mas, o crente sabe que Deus está no controle, e que todos este sofrimento redundará em bênçãos, já aqui na terra e, sobretudo, na eternidade.

" Pois tenho para mim que as aflições deste tempo presente não se podem comparar com a glória que em nós há de ser revelada." (Romanos 8:18)
"Não atentando nós nas coisas que se vêem, mas sim nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, enquanto as que se não vêem são eternas.
1:30 - " Tendo o mesmo combate que já em mim tendes visto e agora ouvis que está em mim." 

7. SERVIR DE ESTÍMULO AOS IRMÃOS. O apóstolo Paulo fala dos privilégios em sofrer por Cristo, mas não era apenas discurso, mas fato real. Os filipenses já haviam visto a sua disposição em sofrer por Cristo quando foi, no passado, preso e açoitado pelas autoridades.
Agora podiam testificar novamente o seu sofrimento na prisão. Desejava ele ser estímulo aos irmãos. O apóstolo vivia, integralmente, o ensino de Jesus em Mateus 5:10-12:

" Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus. Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguiram e, mentindo, disserem todo mal contra vós por minha causa. Alegrai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram aos profetas que foram antes de vós." (Mateus 5:10-12)

Que Deus nos ajude a ser exemplo de fé, confiança e fidelidade como Paulo e que possamos dizer também: "Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo" (I Cor. 11:1)

2:1 - " Portanto, se há alguma exortação em Cristo, se alguma consolação de amor, se alguma comunhão do Espírito, se alguns entranháveis afetos e compaixões" 

O apóstolo havia exortado os crentes a um viver digno do Evangelho. A exortação do primeiro capítulo se volta mais para o indivíduo, enquanto que no capítulo 2, a exortação é mais voltada para a coletividade, ou seja, a vida da igreja como um todo e a sua influência na comunidade. Os versos 1 a 4 nos dão indicação clara de que havia algum problema de relacionamento entre os irmãos e, sobretudo, falta de "unanimidade" na igreja, o Corpo de Cristo.
O portar-se digno do Evangelho inclui, necessariamente, o amor fraternal. O amor fraternal nos leva a viver em harmonia no corpo de Cristo, exatamente como acontece em nosso "corpo físico", onde há concordância e unanimidade entre todos os membros.

" Porque também o corpo não é um membro, mas muitos. Se o pé disser: Porque não sou mão, não sou do corpo; nem por isso deixará de ser do corpo. E se a orelha disser: Porque não sou olho, não sou do corpo; nem por isso deixará de ser do corpo. Se o corpo todo fosse olho, onde estaria o ouvido? Se todo fosse ouvido, onde estaria o olfato? Mas agora Deus colocou os membros no corpo, cada um deles como quis." (I Cor. 12:14-18)
"Portanto, se alguma exortação em Cristo"


Esta é a primeira grande motivação apresentada por Paulo, para que haja unanimidade na igreja: "Exortação em Cristo".                A palavra traduzida por "exortação" significa, também, "estímulo", "encorajamento". É, de fato, de Cristo que vem todo o nosso "estímulo" e "força" e "encorajamento" para que sejamos um só corpo, apesar de toda diversidade. Só através da força que vem do próprio Senhor Jesus, poderemos experimentar a edificante unidade na diversidade de I Cor. 12:12-13

"Porque, assim como o corpo é um, e tem muitos membros, e todos os membros do corpo, embora muitos, formam um só corpo, assim também é Cristo. Pois em um só Espírito fomos todos nós batizados em um só corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos quer livres; e a todos nós foi dado beber de um só Espírito."
"Se alguma consolação de amor"

A outra grande motivação para que a igreja viva em harmonia é o amor. É este "amor" que já foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo, que deve "transbordar" para os irmãos e assim, produzir unidade e harmonia.

"e a esperança não desaponta, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado." (Romanos 5:5)

Jesus, ao preparar os seus discípulos, após ministrar-lhes a grande lição de humildade, lavando-lhes os pés, ensinou que o amor é a maneira mais convincente de anunciar o Evangelho ao mundo.

" Um novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei a vós, que também vós vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros." (João 13:34-35)

"Se alguma comunhão no Espírito"
A presença do Espírito Santo em nós é o outro grande motivo da nossa unidade. Cada crente sendo habitação do Espírito Santo e submetendo à sua liderança haverá, naturalmente, harmonia no corpo. É o próprio Espírito Santo que distribui os dons espirituais para a Igreja e Ele mesmo nos capacitará para o exercício destes dons e, assim, promover a unidade do corpo.
" Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo." (I Cor. 12:4)

"Se alguns entranháveis afetos e compaixões"
Isto fala da ternura e simpatia que deve reinar entre os irmãos. Fala, também, de um afeto profundo e sincero, expresso na palavra "entranháveis". Fala de sentimentos de ternura da alma sem hipocrisia e sem fingimento.

"O amor seja não fingido. Aborrecei o mal e apegai-vos ao bem. Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros" (Romanos 12:9-10)
Além de afetos, a "compaixão" também é um fator importante na unidade da Igreja. Como é maravilhoso quando os crentes têm corações compassivos, capazes de simpatizar com o irmão na sua aflição e também, corações compassivos capazes de estender o perdão àquele que o ofendeu e feriu.
  
2:2 "Completai o meu gozo, para que tenhais o mesmo modo de pensar, tendo o mesmo amor, o mesmo ânimo,            pensando a mesma coisa"
A igreja de Filipos era muito especial para o apóstolo Paulo. Ele a chamou de "minha alegria e coroa"
" Portanto, meus amados e saudosos irmãos, minha alegria e coroa, permanecei assim firmes no Senhor, amados." (Filip. 4:1)

No primeiro capítulo ele já elogiou a firmeza, coragem e o amor reinante entre os irmãos, mas agora ele, carinhosamente, apela para que haja mais unanimidade na igreja. Isto seria o transbordar da sua alegria. De fato, uma igreja "unida" em amor traz muito gozo aos seus líderes e obreiros, mas sobretudo, traz alegria ao coração do Senhor da igreja, Jesus.
"Tenhais o mesmo modo de pensar"

A palavra grega é "PHRONEO", que significa "pensar", "sentir". A unanimidade da igreja deve expressar-se especialmente através da "unanimidade de sentimentos". Isto significa ter a "mente" dominada pelo Espírito Santo de tal forma, que o crente busque a concórdia e harmonia em todas as áreas de seus relacionamentos.

É muito interessante observar que a mesma palavra aqui usada aparece também em 2:5, onde somos exortados a ter "aquele sentimento que houve também em Cristo".
O crente é exortado, portanto, a espelhar a sua maneira de "pensar" e de "viver" no supremo modelo, que é Cristo. O apóstolo Paulo diz em I Cor. 2:16 que "... nós temos a mente de Cristo" e por isso precisamos deixar o Senhor Jesus governar a nossa mente e as nossas atitudes, especialmente os nossos relacionamentos fraternais. É inconcebível, portanto, desarmonia e discórdia no Corpo de Cristo.
Quando isso acontece é porque os "pensamentos" de Cristo foram substituídos pelos nossos próprios pensamentos egoístas. Por isso, é de suma importância a constante renovação da "mente", através da eterna Palavra de Deus. Precisamos aprender a cada dia, "pensar" e praticar os pensamentos de Deus.

" Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai. O que também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso praticai; e o Deus de paz será convosco." (Filip. 4:8-9)

2:3 - " Nada façais por contenda ou por vanglória, mas com humildade cada um considere os outros superiores a si mesmo"
Quando estivermos pensando os pensamentos de Deus e com a mente continuamente renovada pela Palavra, os nossos "motivos" para "servir" sempre serão justos e aceitáveis diante de Deus. Nunca buscaremos a glória pessoal e jamais nos sentiremos maiores e melhores do que os outros. Pelo contrário, a exemplo de Cristo seremos humildes. O crente humilde e que ama verdadeiramente dará honra ao irmão, ao invés de humilhá-lo.

" Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros" (Romanos 12:10)

O crente humilde não procura destaque para si próprio e não se sente superior aos outros.
" Sede unânimes entre vós; não ambicioneis coisas altivas mas acomodai-vos às humildes; não sejais sábios aos vossos olhos" (Romanos 12:16)
2:4 - "Não olhe cada um somente para o que é seu, mas cada qual também para o que é dos outros."

Só o amor de Cristo derramado em nossos corações pode tornar isto uma realidade. Humanamente falando, somos egoístas por natureza e temos a tendência de fazer todas as coisas girarem em torno de nós mesmos. Mas, quando temos a mente de Cristo, e quanto mais permitirmos que o Senhor pense com a nossa mente, mais e mais nos voltaremos para os outros, e nos interessaremos pelas pessoas que nos cercam.
Quanto mais cheios e transbordantes de amor estivermos, mais e mais amor derramaremos àqueles que nos cercam.
" Não sejais vagarosos no cuidado; sede fervorosos no espírito, servindo ao Senhor...acudi aos santos nas suas necessidades, exercei a hospitalidade; abençoai aos que vos perseguem; abençoai, e não amaldiçoeis; alegrai-vos com os que se alegram; chorai com os que choram" (Romanos 12:11,13,14,15)

2:5 " Tende em vós aquele sentimento que houve também em Cristo Jesus"
Os versos anteriores nos exortam a uma atitude de humildade em relação ao irmão e às pessoas em geral "...com humildade cada um considere os outros superiores a si mesmo". A partir do verso 5, Jesus é apresentado como o nosso supremo modelo de humildade, a demonstração viva daquilo que disse em Mateus 23:12: "Qualquer, pois, que a si mesmo se exalta, será humilhado; e qualquer que a si mesmo se humilhar será exaltado".

Jesus, em Sua humildade e amor, demonstrou claramente a Sua disposição para "descer" e fazer-se pobre para nos tornar ricos.
"Pois conheceis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, por amor de vós se fez pobre, para que pela sua pobreza fôsseis enriquecidos." (II Cor. 8:9)

Ter o "mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus", significa ter disposição mental e atitudes semelhantes a Jesus. Neste texto, o destaque é para a "humildade exemplar" de Cristo, mas este versículo é amplo no seu significado e se estende a todas as áreas do viver. Precisamos crescer a cada dia, na semelhança de Jesus; precisamos nos parecer com ele mais e mais, e nos tornarmos o "cheiro de Cristo", onde vivemos.
" Graças, porém, a Deus que em Cristo sempre nos conduz em triunfo, e por meio de nós difunde em todo lugar o cheiro do seu conhecimento; porque para Deus somos um aroma de Cristo, nos que se salvam e nos que se perdem." (II Cor. 2:14-15)

Temos sido, nós, o "aroma de Cristo" em nossas atitudes diante daqueles que nos ferem e nos magoam e nos ofendem? Temos nós, perdoado aos nossos devedores, como Cristo perdoou aos que o crucificaram?
"E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós também temos perdoado aos nossos devedores" (Mat. 6:12)
" Jesus, porém, dizia: Pai, perdoa-lhes; porque não sabem o que fazem" (Luc. 3:34a)

Que Deus nos ajude a ter o mesmo "sentimento" de humildade, amor e perdão que havia em Jesus e que, a cada momento, façamos aquela tão especial pergunta do famoso livro: "Em seus passos, o que faria Jesus?"
2:6-7 - "O qual, subsistindo em forma de Deus, não considerou o ser igual a Deus coisa a que se devia aferrar, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, tornando-se semelhante aos homens"

Neste versos temos, não somente a profunda demonstração de humildade de Jesus, mas também a absoluta confirmação de sua deidade. As expressões "subsistindo na forma de Deus" e "ser igual a Deus" atestam a Sua perfeita e insofismável identidade com o Pai, como também, é claramente demonstrado em João 1:1,14)
" No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.... E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade; e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai."

Jesus já existia na eternidades antes de sua entrada no tempo e "coexistia com o Pai, gozando de igualdade com Ele, tanto na dignidade da posição, como da própria forma, da natureza essencial à própria divindade". (1)
" O qual é imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação... Ele é antes de todas as coisas, e nele subsistem todas as coisas;, porque aprouve a Deus que nele habitasse toda a plenitude" (Col. 1:15,17,19)

Jesus, num ato de amor e profunda humildade, não se agarrou a esta igualdade com o Pai e esta gloriosa eternidade, mas se dispôs a "esvaziar-se" de si mesmo e tomar a forma de servo. Que maravilhoso e profundo mistério é este! Jesus deixou de lado a gloriosa aparência e "aniquilou-se" a si mesmo, sendo servo obediente até a morte, e morte de cruz.
O Deus eterno despojou-se da Sua glória para se tornar servo. Foi exatamente assim que o profeta Isaías havia descrito o Messias, o Servo Sofredor que tomaria sobre si a nossa condenação.
" Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e esmagado por causa das nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados." (Isaías 53:5)

Foi como "servo" que viveu a cada dia, deixando-nos o exemplo de amor, humildade e serviço.
"Assim como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos." (Mat. 20:28)
" Não será assim entre vós; antes, qualquer que entre vós quiser tornar-se grande, será esse o que vos sirva" (Mat. 20:26)
 
2:8 - " e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz"

Jesus é o sublime exemplo de humildade quando se coloca como "servo"; o servo sofredor que veio para "servir e dar a sua vida em resgate de muitos" (Mat. 20:28).
Mas Ele é também o sublime exemplo de "obediência". Jesus, durante toda a sua vida terrena, deu demonstração dessa obediência ao Pai.
Esta "obediência" ao Pai não diminui em nada a sua "divindade" e absoluta "igualdade" ao Pai, mas confirma o seu "esvaziamento" humilde ao "tornar-se semelhantes aos homens". A obediência a Deus sempre foi a evidência de um comprometimento sério com o Senhor. Jesus coloca a obediência ao Pai como sendo a sua prioridade, ao dizer: "A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou, e completar a sua obra." (João 4:34)

O apóstolo Paulo nos exorta em Rom. 12:2 à constante renovação da nossa mente para que possamos "experimentar qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus". Sem dúvida, Jesus nos deixou o maior exemplo de "obediência" no Getsêmani.
" E adiantando-se um pouco, prostrou-se com o rosto em terra e orou, dizendo: Meu Pai, se é possível, passa de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres... Retirando-se mais uma vez, orou, dizendo: Pai meu, se este cálice não pode passar sem que eu o beba, faça-se a tua vontade." (Mat. 26:39,42)

Jesus, mesmo sabendo que neste caminho havia uma cruz de vergonha e dor, se dispõe a prosseguir em absoluta obediência aos eternos propósitos divinos para a Salvação dos pecadores. Obedeceu, não somente até à morte, mas até à "morte de cruz", a mais terrível e ignominiosa morte.
Além das dores físicas indiscritíveis, sofreria, sobretudo, a dor moral e espiritual, quando tomaria sobre si o pecado de todos nós, como bem descreveu Isaías no capítulo 53. Mas, mesmo sabendo tudo isto e, estando em profunda agonia, tornando o seu "suor como grandes gotas de sangue", orava: "Faça-se a Tua vontade".
Samuel precisou ser claro e duro com Saul, quando tentou enganar ao profeta e ao Senhor, procurando amenizar a sua desobediência. Pensou ele, que o "culto ritual" e os "sacrifícios" poderiam substituir a obediência.
" Samuel, porém, disse: Tem, porventura, o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, como em que se obedeça à voz do Senhor? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar, e o atender, do que a gordura de carneiros" (I Sam. 15:22).

Como crentes no Senhor Jesus somos exortados a uma vida de santidade, que se expressa através da nossa pronta e alegre obediência.
" Portanto, cingindo os lombos do vosso entendimento, sede sóbrios, e esperai inteiramente na graça que se vos oferece na revelação de Jesus Cristo. Como filhos obedientes, não vos conformeis às concupiscências que antes tínheis na vossa ignorância; mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em todo o vosso procedimento" (I Pedro 1:13-15)
2:9 - "Pelo que também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu o nome que é sobre todo nome"

Louvamos a Deus porque Jesus, na Sua humilde obediência, pode transformar a cruz de vergonha, num instrumento de bênção e vitória. Como disse o apóstolo Paulo, a cruz pode parecer "loucura para os que perecem, mas para os que são salvos é o poder de Deus" (I Cor. 1:18)

Estaremos, nós, prontos a obedecer humildemente, mesmo que vislumbremos no caminho desta obediência alguma tremenda cruz?
O convite de Jesus inclui, necessariamente, uma cruz: a morte, a renúncia, o despojamento do "eu" são condições básicas ao verdadeiro discipulado.
" Quem não leva a sua cruz e não me segue, não pode ser meu discípulo." (Lucas 14:27)

Que Deus nos ajude a crescer a cada dia em obediência pronta ao Senhor e a tomar a nossa cruz, na certeza de que, também "com ele seremos glorificados".
"E, se filhos, também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo; se é certo que com ele padecemos, para que também com ele sejamos glorificados." (Rom. 8:17)

2:13 - "Porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade"
 
Este versículo nos mostra claramente que Deus é a base e o fundamento de todas as coisas. O esforço humano na busca da santificação, como vimos no verso anterior, também depende inteiramente da força e graça do Senhor. É Ele quem opera em nós, tanto o querer quanto o efetuar. Não basta o nosso "desejo" e "vontade" em fazer o que Deus quer; é preciso buscar a força dele para a realização destas obras. Jesus deixou isto bem claro, quando disse em João 15:5: "Eu sou a videira; vós sois as varas. Quem permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer." 

Tanto a nossa "vontade", como aquilo que "realizamos" só serão agradáveis a Deus quando nos submetermos plenamente ao Espírito Santo, que habita em nós. O mesmo Espírito Santo que nos convenceu do pecado e nos gerou de novo, também estará moldando dia a dia a nossa "vontade" e nossas "atitudes" no viver diário. O Espírito Santo guia a toda verdade, ensina, repreende, lembra, exorta e conforta o crente.
" Quando vier, porém, aquele, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá o que tiver ouvido, e vos anunciará as coisas vindouras." (João 16:13)

O profeta Zacarias entendeu muito bem esta operação do Espírito Santo em nós, quando disse: "Não por força nem por violência, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos" (Zac. 4:6)

O profeta Ageu também teve uma clara percepção desta "parceria" envolvendo a disposição humana e a imprescindível operação do Espírito de Deus.
"Ora, pois, esforça-te, Zorobabel, diz o Senhor, e esforça-te, sumo sacerdote Josué, filho de Jeozadaque, e esforçai-vos, todo o povo da terra, diz o Senhor, e trabalhai; porque eu sou convosco, diz o Senhor dos Exércitos, segundo o pacto que fiz convosco, quando saístes do Egito, e o meu Espírito habita no meio de vós; não temais." (Ageu 2:4-5)

O apóstolo Paulo demonstrou ter profunda consciência do que estava falando neste versículo, visto que, em sua própria vida foi Deus mesmo que operou tanto o "querer" como o "efetuar" , e ele deixa isto claro em II Cor. 3:5-6:
"Não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus, o qual também nos capacitou para sermos ministros dum novo pacto, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata, mas o espírito vivifica."
2:14-15: "Fazei todas as coisas sem murmurações nem contendas; para que vos torneis irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus imaculados no meio de uma geração corrupta e perversa, entre a qual resplandeceis como luminares no mundo"

Quando estamos submissos ao Espírito Santo somos moldados em nossa "vontade" e "atitudes" e, assim, resplandecemos como "luminares no mundo".
Aqui, o apóstolo está lembrando o ensino de Jesus, quando disse aos seus discípulos:
" Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre um monte; nem os que acendem uma candeia a colocam debaixo do alqueire, mas no velador, e assim ilumina a todos que estão na casa. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras, e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus." (Mat 5:14-16)

Vivemos num mundo mergulhado em trevas profundas do pecado e Deus, que é luz, habita em nós e deseja nos tornar "refletores" desta luz.
"O mundo jaz no maligno", diz I João 5:19 e está mergulhado em profunda cegueira e escuridão.
"Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus." (II Cor. 4:4)

Mas, como podemos ser "luz" num mundo em trevas, se vivemos a "murmurar" e "contender", da mesma maneira como os incrédulos?
Somos exortados a não sermos "murmuradores", como foram os israelitas no deserto, nem sermos contenciosos; mas sim, a termos corações agradecidos e cheios de louvor e adoração.
"E não murmureis, como alguns deles murmuraram, e pereceram pelo destruidor." (I Cor. 10:10)
"E ao servo do Senhor não convém contender, mas sim ser brando para com todos, apto para ensinar, paciente" (II Tim. 2:24)
"E não vos embriagueis com vinho, no qual há devassidão, mas enchei-vos do Espírito, falando entre vós em salmos, hinos, e cânticos espirituais, cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração, sempre dando graças por tudo a Deus, o Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo" (Ef. 5:18-21)

2:19-30: "Ora, espero no Senhor Jesus enviar-vos em breve Timóteo, para que também eu esteja de bom ânimo, sabendo as vossas notícias. Porque nenhum outro tenho de igual sentimento, que sinceramente cuide do vosso bem-estar. Pois todos buscam o que é seu, e não o que é de Cristo Jesus. Mas sabeis que provas deu ele de si; que, como filho ao pai, serviu comigo a favor do evangelho. A este, pois, espero enviar logo que eu tenha visto como há de ser o meu caso; confio, porém, no Senhor, que também eu mesmo em breve irei. Julguei, contudo, necessário enviar-vos Epafrodito, meu irmão, e cooperador, e companheiro nas lutas, e vosso enviado para me socorrer nas minhas necessidades; porquanto ele tinha saudades de vós todos, e estava angustiado por terdes ouvido que estivera doente. Pois de fato esteve doente e quase à morte; mas Deus se compadeceu dele, e não somente dele, mas também de mim, para que eu não tivesse tristeza sobre tristeza. Por isso vo-lo envio com mais urgência, para que, vendo-o outra vez, vos regozijeis, e eu tenha menos tristeza. Recebei-o, pois, no Senhor com todo o gozo, e tende em honra a homens tais como ele; porque pela obra de Cristo chegou até as portas da morte, arriscando a sua vida para suprir-me o que faltava do vosso serviço."
 
Em todo este texto, de 19 a 30, o apóstolo Paulo está destacando o trabalho fiel e dedicado de dois servos de Deus: Timóteo e Epafrodito. A recomendação do V-29 resume o conteúdo destas recomendações, onde lemos: "...tende em honra a homens tais como ele". São muitos os textos bíblicos que nos ensinam sobre a necessidade deste reconhecimento a pastores e líderes fiéis.
"Ora, rogamo-vos, irmãos, que reconheçais os que trabalham entre vós, presidem sobre vós no Senhor e vos admoestam; e que os tenhais em grande estima e amor, por causa da sua obra. Tende paz entre vós." (I Tess. 5:12-13)
"Os anciãos que governam bem sejam tidos por dignos de duplicada honra, especialmente os que labutam na pregação e no ensino. Porque diz a Escritura: Não atarás a boca ao boi quando debulha. E: Digno é o trabalhador do seu salário." (I Tim. 5:17,18)

Paulo estava preso em Roma, mas continuava a cuidar da Igreja à distância, não somente com suas orações, mas também enviando orientações por carta e, também através de servos fiéis, como Timóteo e Epafrodito. Timóteo é elogiado pelo apóstolo e colocado como modelo de pastor. Algumas qualidades apontadas são:
Cuidado sincero da Igreja de Cristo: Timóteo era um pastor que não buscava os seus próprios interesses, mas um pastor que buscava, com toda sinceridade, o "bem-estar" do rebanho. O Salmo 23 apresenta o Supremo Pastor, que cuida das ovelhas em toda e qualquer circunstância, e este é o modelo que cada pastor aqui na terra precisa colocar diante de si. Jesus é o Bom Pastor , e foi assim apresentado pelo profeta Isaías: "Como pastor ele apascentará o seu rebanho; entre os seus braços recolherá os cordeirinhos, e os levará no seu regaço; as que amamentam, ele as guiará mansamente." (Isaías 40:11)

Deus é justo juiz e não deixará impune os pastores que deixam de lado as ovelhas, para se apascentarem a si mesmos, como bem fica demonstrado em Ezequiel 34:8-10: "Vivo eu, diz o Senhor Deus, que porquanto as minhas ovelhas foram entregues à rapina, e as minhas ovelhas vieram a servir de pasto a todas as feras do campo, por falta de pastor, e os meus pastores não procuraram as minhas ovelhas, pois se apascentaram a si mesmos, e não apascentaram as minhas ovelhas; portanto, ó pastores, ouvi a palavra do Senhor: Assim diz o Senhor Deus: Eis que eu estou contra os pastores; das suas mãos requererei as minhas ovelhas, e farei que eles deixem de apascentar as ovelhas, de sorte que não se apascentarão mais a si mesmos. Livrarei as minhas ovelhas da sua boca, para que não lhes sirvam mais de pasto."

O pastor Timóteo vivia integralmente a recomendação de Atos 20:28 e tinha plena consciência de que o "rebanho" é do Senhor e, por isso, "cuidava sinceramente de seu "bem-estar": "Cuidai pois de vós mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele adquiriu com seu próprio sangue."

Caráter provado e aprovado: "Sabei que provas deu ele de si". A igreja de Filipos sabia o que Paulo estava falando. Ele não entra em detalhes sobre estas provas mas, sem dúvida, era seu testemunho da absoluta integridade de caráter do pastor Timóteo, seu filho na fé e companheiro na obra do Senhor. Timóteo é apresentado por Paulo como "fiel no Senhor", quando enviado à igreja de Corinto.
"Por isso mesmo vos enviei Timóteo, que é meu filho amado, e fiel no Senhor; o qual vos lembrará os meus caminhos em Cristo, como por toda parte eu ensino em cada igreja."    (I Cor. 4:17)
Satanás tem, como nunca, procurado, com suas artimanhas, derrubar os pastores e líderes para manchar e denegrir o Evangelho, especialmente no que diz respeito ao caráter. Precisamos, como povo de Deus, clamar pela misericórdia do Senhor e pelo fortalecimento espiritual e por um maior comprometimento de nossos líderes com a obra do Senhor.

Pensamento: "Porcelana e caráter são facilmente quebráveis, mas dificilmente remendáveis".

2:25-30 – "Julguei, contudo, necessário enviar-vos Epafrodito, meu irmão, e cooperador, e companheiro nas lutas, e vosso enviado para me socorrer nas minhas necessidades; porquanto ele tinha saudades de vós todos, e estava angustiado por terdes ouvido que estivera doente. Pois de fato esteve doente e quase à morte; mas Deus se compadeceu dele, e não somente dele, mas também de mim, para que eu não tivesse tristeza sobre tristeza. Por isso vo-lo envio com mais urgência, para que, vendo-o outra vez, vos regozijeis, e eu tenha menos tristeza. Recebei-o, pois, no Senhor com todo o gozo, e tende em honra a homens tais como ele; porque pela obra de Cristo chegou até às portas da morte, arriscando a sua vida para suprir-me o que faltava do vosso serviço."
O apóstolo continua a destacar o ministério de seus companheiros na obra do Senhor e, agora, apresenta algumas qualidades de Epafrodito:
Disposição para o trabalho: Epafrodito era um verdadeiro "cooperador" que se colocava ao lado do apóstolo na realização da obra do Senhor.
"Porque nós somos cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus." (I Cor. 3:9)

Epafrodito era alguém que se entregava àquilo que fazia de corpo e alma e isto alegrava muito ao apóstolo Paulo. Como alegra o coração do obreiro contar com pessoas disponíveis ao trabalho de Deus. Infelizmente não são muitos os servos disponíveis que colocam integralmente o coração naquilo que fazem. Alguns entregam as sobras de suas disponibilidades e muitos são negligentes e displicentes no Reino de Deus.
"Maldito aquele que fizer a obra do Senhor negligentemente..." (Jer. 48:10)

Espírito sacrificial: Epafrodito era corajoso e estava pronto a arriscar a sua própria vida pelo Evangelho. O versículo 30 diz que ele arriscou a vida e chegou até às portas da morte. Não temos muitos detalhes sobre o que teria acontecido a Epafrodito, mas o que sabemos com certeza, é que ele foi exposto ao perigo ao tentar se aproximar de Paulo na prisão para "socorrer-lhe em suas necessidades". Além dos perigos que enfrentou, ainda ficou gravemente enfermo e quase morreu, em face desta enfermidade. Paulo estava grato a Deus por seu pronto restabelecimento e por poupar-lhe de um sofrimento ainda maior , para que não tivesse "tristeza sobre tristeza". Crentes fiéis e consagrados também ficam doentes e passam por aflições, como aconteceu também a Trófimo, que Paulo deixara enfermo em Mileto.
"Erasto ficou em Corinto; a Trófimo deixei doente em Mileto." (II Tim. 4:20)

Mas, o fato é que Epafrodito colocava seu ministério e a obra do Senhor acima de sua própria vida e, assim, cumpria integralmente o que diz em Atos 20:24:
"Mas em nada tenho a minha vida como preciosa para mim, contanto que complete a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus."
O apóstolo destaca, não somente a fidelidade de seus companheiros Timóteo e Epafrodito, mas também a generosidade da Igreja de Filipos. Algumas características desta igreja são apresentadas para que imitemos:
O terno cuidado com o ministério pastoral: Epafrodito era "enviado" da igreja para "socorrer" o apóstolo em suas necessidades. Em Filipos havia uma igreja que cuidava com carinho do apóstolo, procurando suprir-lhe, não somente com recursos materiais, mas também levando o calor humano na pessoa de Epafrodito. Quanto foi consolador ao apóstolo a presença de um representante da igreja, ali na prisão! Quanto precisam os obreiros do Senhor deste cuidado e ternura por parte da igreja! O apóstolo não pediu esta atenção, mesmo porque ele estava preparado para passar por todo tipo de provação, mas ela surgiu espontaneamente por parte da igreja, movida pelo amor.
"Ora, muito me regozijo no Senhor por terdes finalmente renovado o vosso cuidado para comigo; do qual na verdade andáveis lembrados, mas vos faltava oportunidade. Não digo isto por causa de necessidade, porque já aprendi a contentar-me com as circunstâncias em que me encontre. Sei passar falta, e sei também ter abundância; em toda maneira e em todas as coisas estou experimentado, tanto em ter fartura, como em passar fome; tanto em ter abundância, como em padecer necessidade. Posso todas as coisas naquele que me fortalece. Todavia fizestes bem em tomar parte na minha aflição." (Filip. 4:10-14)
 Um relacionamento amorável entre os irmãos: 

 Epafrodito sentia saudade de todos os irmãos da igreja e todos da igreja se preocupavam com a sua saúde (V 26). Quando o amor reina no coração do povo de Deus, a obra do Senhor avança vitoriosamente porque o amor é o vínculo da perfeição.
"E, sobre tudo isto, revesti-vos do amor, que é o vínculo da perfeição." (Col. 3:14)